O QUE É XEROSTOMIA?
- Dr Vitor A Pezolato
- 17 de dez. de 2015
- 3 min de leitura
Xerostomia é a redução do fluxo salivar, também denominado hipoptialismo ou sialosquiese (secura da boca – boca seca). A sua etiologia é abrangente: em decorrência de diversas enfermidades tais como, renal, hepática, pancreática, pulmonar, etc. Como exemplo típico, pode ser citado o diabético não controlado, com seu hálito acetônico e secura bucal. O uso de medicamentos e seus efeitos colaterais aceleram o processo xerostômico. Também por disfunção psicossomática causada por conflitos psíquicos, angústia, neurose, ansiedade, depressão (estresse). No adulto senil, devido à progressiva atrofia das glândulas e a estenose gradativa dos seus ductos, etc. Seria de bom alvitre para melhor entender sobre o tema Xerostomia, recordar um pouco sobre a Saliva, glândulas e sua bioquímica.
Bioquímica da Saliva - Sinopse
O homem produz cerca 1000 a 1500 ml/dia, conforme a sua constituição física e o seu equilíbrio hidrolítico, com excreção normal que varia de 1,0 à 1,5 ml / por dia, e deglute cerca de 600 a 1200 vezes por dia (Segundo LEHR R.P., BLANTON P.L BIGGS N. L)1. Há muitos desencontros e controvérsias a respeito do número de deglutições que a pessoa executa durante um dia (24hs). Foram realizadas inúmeras pesquisas, mas a que mais teve fundamentação científica, no meu parecer, foi realizada por esses três cientistas americanos. Pesquisa feita com rigorosa eletromiografia, cujos eletrodos foram adaptados no músculo milo-hiódeo, que vem a ser um dos principais músculos da deglutição. Concluíram que os números de deglutições dentro da normalidade são os acima citados. As glândulas são divididas em maiores e menores e em sua função bioquímica em serosas, mucosas e mistas. As maiores são as parótidas, submandibulares e sublinguais. As glândulas menores variam segundo GORLIN-GOLDMAN2 (1970) entre 450 a 750 espalhadas pela mucosa bucal, concentrando-se na faze interna do lábio inferior e no limite do palato duro e mole. As parótidas são glândulas serosas puras e contribuem com 25% da secreção salivar, e o seu ducto excretor é denominado Stensen ou Stenon. As submandibulares são glândulas mucosserosas e contribuem com 70% da secreção salivar, e o seu ducto excretor é denominado de Wharton. As sublinguais e demais glândulas menores da mucosa bucal são também mucosserosas e contribuem em 5% da secreção salivar, e o canal escretor da sublingual é denominado de Bartholin. A parótida e a glândula de Ebner são serosas, todavia produzem mucina, na criança recém – nascida e no adulto senil (GORLIN & GOLDMAN)2. É considerada saliva mucosa, as provenientes das glândulas mistas e das sublinguais e, menores as que produzem a saliva mucosa. Isso decorre quando há um desequilíbrio entre a saliva serosa que é excretada principalmente pelas parótidas e a de Ebner. As mesmas entram em disfunção, com a diminuição de sua quantidade (volume) e qualidade, e há a predominância da mucosserosa, em destaque na produção da mucina que é abundante. A saliva torna-se mais viscosa, gosmenta, o que facilita a formação da saburra e da placa bacteriana, dificultando a circulação da saliva, a autóclise assim como também a deglutição e a fala. Evidentemente que se encontra presente a xerostomia, e por esses motivos todos a saliva mucosa é considerada patológica, quando se encontra em abundância. Segundo o Prof. FLAVIO LEITE ARANHA3 (Bioquímica Odontológica) o aspecto da saliva é opalescente, às vezes, límpido e incolor, é viscosa devido à presença da mucina. A sua densidade é em torno 1020g/ml, a sua osmolaridade é hipotônica em relação ao plasma, isto é, menor que 294 mosm/1 e o PH varia entre 5,0 e 8,0, todavia, sua normalidade é de 6,9.
A composição química da saliva, obedece à seguinte tabela: Em 100g de saliva temos: Água........................99,100g Sólidos ....................0,900g sendo que nos sólidos temos: 500mg de substâncias inorgânicas e 400mg de substâncias orgânicas. Nas substâncias inorgânicas podemos citar entre os ânions e cátions, seus mais importantes elementos químicos: Cl-, H2PO4=, HCO3-, SO4=, S-, F-, Na+, K+, Ca++, NH4+, Mg++. Nas substâncias orgânicas, os mais importantes elementos químicos são: ptialina, mucina, uréia, lisozima, anidrase carbônica, tiocianato, glicose e outras tais como, enzimas microbianas, componentes sangüíneos produtos de excreção, produtos de atividade microbiana. Como nós podemos deduzir, a água entra em grande proporção, e serve assim para manter úmidas a mucosa bucal e as superfícies dos dentes. Ao mesmo tempo que é o solvente geral das substâncias do meio bucal, é também responsável pelo equilíbrio hidrolítico do próprio organismo. O extraordinário de toda esta bioquímica da saliva é que cada 100g de saliva, possui 99,100g de água e 0,900g% de elementos químicos sólidos entre as substâncias inorgânicas e orgânicas. Suponhamos uma pessoa com produção normal de saliva 1000ml/por dia. Teríamos uma quantidade de 991ml/por dia de água e 9 ml/por dia de elementos químicos sólidos. A água, além das suas propriedades terapêuticas inerentes à boca, mantém o equilíbrio hídrico corporal, e os elementos químicos sólidos, seriam polimerizados através da deglutição, promovendo o reequilíbrio energético nutricional a nível somático – não é espetacular?

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